sexta-feira, 23 de abril de 2010

Dia Mundial do Livro


O Dia Mundial do Livro é comemorado, desde 1996 e por decisão da UNESCO, a 23 de Abril. É uma data simbólica para a literatura, já que, neste dia, terão falecido importantes escritores como Cervantes e Shakespeare.
A ideia da comemoração teve origem na Catalunha: a 23 de Abril, dia de São Jorge, uma rosa é oferecida a quem comprar um livro. Mais recentemente, a troca de uma rosa por um livro tornou-se uma tradição em vários países do mundo.

Para assinalar este dia, aqui vos deixamos o poema Ler, Doce Ler, de José Jorge Letria.


Os livros são casas
com meninos dentro
e gostam de os ouvir rir,
de os ver sonhar
e de abrirem de par em par
as paisagens e as imagens
para eles, lendo, poderem sonhar.

Os livros também respiram,
e o ar que lhes enche as páginas
tem o aroma intenso das viagens
que eles nos convidam a fazer,
sempre à espera que a magia
daquilo que nos contam
possa realmente acontecer.

Os livros são novos e antigos,
mas não gostam de ter idade.
Disfarçam uma mancha, uma ruga
e gostam de viver em liberdade
numa prateleira alta,
sobre a mesa em que se escreve
ou na bibliotecas da cidade.
E é por isso, porque o seu tempo
é sempre maior que o tempo,
que eles não gostam de ter idade.

Os livros têm nomes
que se chamam títulos
e as partes do seu corpo
por vezes chamam-se capítulos
e sentem-se vaidosos
se alguém os quer ilustrar
com as cores e os traços
que lembram o céu e o mar
e com as figuras inventadas
que os fazem rir e chorar.

Os livros põem nas capas
como as pessoas no rosto
aquilo que querem mostrar,
aquilo que dá mais gosto
a quem os vai encontrar.
E é assim que atraem
dos leitores a atenção
e lhes prendem o afecto
que é meio caminho andado
para chegar ao coração.

Os livros são tão livres
como os mais livres de nós
e por isso há quem receie
que os livros ganhem voz
e venham para o meio da rua
com a verdade nua e crua
do que têm para dizer.
E o que têm para dizer
é, no fundo, a liberdade
que o escritor tem ao escrever.

Os livros gostam de ser amados,
de ser lidos e lembrados
e de crescer com os meninos
com que foram embalados.
Os livros têm um sonho:
o de ver outros livros nascer
para que a paixão da leitura
não possa nunca morrer

Os livros às vezes sentem
o peso que a vida tem,
mas, que eu saiba,
não se queixam a ninguém.
Vão cumprindo o seu destino,
sabendo que é uma missão.
E essa missão o que é?
É estar sempre, sempre
onde os leitores estão.

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