quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Pacotes e pacotinhos

E já que estamos a divulgar textos dos nossos mais queridos escritores, aqui fica uma pequena maravilha da Laura do 9º B. É uma crónica criada no âmbito do estudo deste tipo de texto, que se encontra ali na fronteira entre o jornalismo e a literatura.


PACOTES E PACOTINHOS

Pois agora, quem não gosta de bolachinhas que se acuse!
Vêem? Ninguém está de mão no ar! Todos adoram as ditas bolachinhas! E os bolinhos e os salgadinhos e as entradinhas e os patezinhos e… todas aquelas coisas boas e difíceis de desempacotar.
A jornada começa no supermercado. À sua frente, jazem milhões de pacotinhos. Azuis, amarelos, vermelhos, às riscas, com bolinhas, ao xadrez, canelados, lisos, quadrados, de plástico, de papel, … para todos os gostos.
É então que o comum dos mortais lança a mão sobre o mais famoso pacote: o pacote da Bolacha Maria.
Barata, simples e saborosa. O sonho de qualquer guloso.
Depois vem o sacrilégio que é o pagamento (porque apesar de baratas não deixam de ter um IVA digno de rei), as bolachinhas vão para a dispensa e você segue com a sua vida.
Como todos sabemos, é à noite, mesmo antes de deitar que vem aquela vontade de petiscar a bendita da Bolacha Maria.
Aquece-se o leite ou faz-se o chá e deixa-se a mente recordar o sabor a leite condensado da bolacha. Corre-se para a dispensa e ali estão elas!
Você só quer duas, mas que remédio tem senão o de pegar em quatro resmas de bolachas?!
É aqui que o martírio começa.
Sente-se em frente ao seu chá. Você não quer senão chá e bolachas, você está com sono, você está cansado. À sua frente, não há mais nada senão uma chávena de chá e as quatros resmas de bolachas siamesas. Você olha para aquilo e o cansaço é tanto que prefere ficar sentado a ir buscar uma faca. Aí você comete o maior erro da sua vida: tentar separar os gémeos siameses que são os pacotes de Bolacha Maria.
É um erro. Desista. Não tente. Você nunca vai conseguir.
Esses pacotes evoluíram segundo as leis de Darwin durante décadas, sofreram a Selecção Natural e só os mais fortes estão vivos. É impossível destrui-los usando apenas o seu corpo e mente. Eles são indestrutíveis a menos que use contra eles uma lâmina.
Falo por experiência própria e juro que nem à dentada se consegue rasgar aquele plástico azul onde se pode ler “Maria” a letras brancas. Juro-o pois já o tentei. Em desespero extremo, com a boca a salivar e o cérebro a ferver de raiva, mordi um pacote. Abocanhei-o mesmo. E sabem o resultado?
Não rasgou! O pacote ficou a rir-se de mim, impávido, mesmo a pedir uma facada.
Só à facada. É a única forma de você conseguir abrir um desses monstros que protegem em demasia as bolachas.
Você vai levantar-se, pegar numa faca e abrir, enraivecido, o pacote. De certo já não terá paciência para usar aquela fitinha vermelha na embalagem seguinte… faça como eu: esfaqueei os pacotes até eles lhe abrirem a porta do céu. Sem medo! Esfaqueei-os todos!
Leite? Abertura fácil? Esfaqueiem.
Bolachas? Invólucro? Esfaqueiem.
Paté? Em vácuo? Esfaqueiem.
Não que eu seja a favor da violência, longe disso!, mas que remédio tenho?
Pacotinhos e mais pacotinhos, todos fechados a sete chaves como se protegessem o segredo para a vida eterna ...! Fazem-nos sentir como Homo Sapiens a rodar objectos incessantemente e a estudar-lhes as formas. Fazem-nos sentir burros frustrados que necessitam desesperadamente de açúcar.

Mas por que raio serão tão difíceis de abrir??

Laura Mariana Brito

1 comentário:

  1. delicioso, tal como as velhinhas bolachas Maria!:-))
    Ps. N retirando qq tipo de merito à aluna, pois um texto destes so pode vir de alguem com mta imaginação e gosto pela lingua portuguesa, tenho q tirar o chapeu à prof de Portugues que consegue motivar alunos a desenvolverem o gosto pela escrita. Sei q o mérito tb é do trab da professora pois já vi mtas coisas escritas por alunos dela que considero verdadeiras pérolas:-)
    parabéns à Laura e um beijo especial à Marta!

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